sábado, 26 de janeiro de 2019

À beira de uma estrada qualquer de interior, 
pequenas flores do campo, de um singelo tom arroxeado,
chamaram-lhes a atenção. 
Sem perda de tempo ele parou o carro 
e colheu uma delas.
Olhos nos olhos, mãos nas mãos, ela recebeu a florzinha como o mais valioso presente! Prendeu-a entre os dedos até o final da viagem e depois, por dias, um copo de água serviu-lhe de vaso. Antes que morresse fora guardada em um livro, cujo nome agora não importa.
Lá ficou por anos e anos...
De vez em quando, era "visitada" e as mutações
provocadas pelo tempo se percebiam.
Numa dessas ocasiões, ao abrir o livro, a florzinha seca havia se desintegrado e seus fragmentos caíram ao chão.
Nada mais poderia ser feito além de lançá-los ao vento
como quem, com muita relutância, devolve ao universo
algo que se queria somente seu.
Cika Parolin