domingo, 6 de janeiro de 2019

Os que moravam longe da cidade
levavam meses para registrar os filhos recém-nascidos 
e, igualmente, demoravam para terem seus nomes definidos. 
Eu não fugi à regra: Nascida em parto gemelar com Ciro, 
o menino ansiosamente esperado, não cogitavam nomes de menina 
e muito menos que viessem gêmeos,
visto que já tinham Marli, uma menina de cinco anos.
Como era de praxe queriam nomes que combinassem.
Cogitaram Maria e Mário, João e Joana, Karl e Katia...
mas o nome sonhado para o menino era "Ciro"!
Formou-se o impasse! Que nome dar à menina?
Dessa forma fiquei mais de meio ano sendo mencionada como "a nenê".
Não mais que de repente, Dona Amélia, uma moradora de uma chácara próxima, apareceu, providencialmente à hora do almoço,
para visitar, segundo ela, "os geminhos"!
Entre um pedaço de frango assado e outro, ela faz a pergunta fatal:
"Dona Maria( Marichen), como é o nome dos geminhos"?
Ao que mamãe responde: "O nome do guri é Ciro,
a menina ainda não tem nome".
Como que tendo uma ideia fenomenal dona Amélia grita:
"CIRLEI", Ciro e Cirlei, combina"!
E assim foi, algum tempo depois registraram-nos
e em seguida, o Batismo, realizado num domingo chuvoso,
no Templo Luterano, pelo pastor Fughmann,
recém vindo da Alemanha que num português péssimo disse:
"Kiro e Kirlei eu vos batizo em nome do Pai, do Filho
e do Espírito Santo, amém.
Quanto ao Cika? Fica para uma outra longa história.
Cika Parolin
No mundo dos pássaros,
Quando é chegada a hora de voar,
eles não se preocupam 
se seu voo será belo ou amplo! 
Apenas sentem que é hora...
Aprumam-se,
batem as asas,
enfrentam o medo,
lançam-se ao espaço
e simplesmente voam.
Miremo-nos no exemplo dos pássaros
Que não se comparam aos outros
E nem se vangloriam de suas asas
pois, sabem que no céu há lugar
tanto para águias
como para pardais.
Cika Parolin
Trafego pelo tempo 
com o Amor na bagagem!
Aquele amor imenso 
que se doa aos melhores afetos.
Aquele que começa pelo gostar de mim
e vai até os mais belos sentimentos
que nutro pelos que me habitam o coração.
Alguns se eternizaram na lembrança,
outros me completam e, a cada dia,
aprofundam suas raízes.
Do amor não carrego queixumes,
somente trago no peito
motivos para gratidão.
Cika Parolin
Da cozinha da velha casa vinha um maravilhoso perfume de especiarias: cravo, canela, cardamomo, noz-moscada, coentro, anis...
que invadia todos os cantos e enchia nossa alma de alegria.
Sim!!! novamente o perfume do NATAL!
Mamãe mais uma vez cumpria o ritual das bolachas
feitas de geração em geração, cuja receita
vem de um passado remoto. 
A nós crianças era permitido participar, desde que estivéssemos com as mãos rigorosamente limpas! Podíamos manusear a massa, cortá-la com formas de coração, bota, lua e estrela.
Depois de assadas e decoradas,
mamãe nos dava algumas para provar:
Ahhh! que sabor delicioso!
Assim que esfriassem e secassem ficávamos assistindo o seu acondicionamento em latas hermeticamente fechadas para que
não perdessem a crocância e o aroma.
A partir daquele momento esperaríamos pelo café da manhã do
"Dia 25 de Dezembro", quando uma das latas seria aberta
e as bolachas seriam a grande "Estrela do Natal" !
E assim seguiríamos por quase um mês, comendo-as aos poucos, até que todas as latas estivessem vazias. Para os dias atuais isso pode parecer tão pouco, mas estejam certos,
vivíamos o verdadeiro "Espírito do Natal"
e éramos imensamente felizes.
Cika Parolin
O amanhecer nada mais é
que a lição de como recomeçar,
apesar do breu da noite e seus temores.
Cika Parolin