MUDEZ
De silenciar dores falo com propriedade!
Silenciei-as, silencio-as.
É vício, é praxe
calar a história vivida,
o amor perdido,
a dor mais sofrida.
Calo para não romper os elos
com o passado remoto;
como se falar sobre ele, o maculasse.
E assim, meu mundo interno só cresce,
quase não cabe em si
e a dor se agiganta,
sufoca, anestesia os sonhos!
Como libélula aprisionada,
não mais se debate,
apenas, em silêncio, "se ajeita".
Cika Parolin